sexta-feira, 17 de agosto de 2012

ENTREVISTA COM" ALINE DEDICADA"DO GRUPO QUILOMBO ARTE DE SANTA CATARINA

TRETIEIRO-Como você é conhecida no mundo da capoeira e como foi seu primeiro contato com a capoeira R-Me chamo Aline e sou conhecida no mundo da capoeiragem como Dedicada. Conheci a capoeira através do meu esposo que na época que erámos namorados me convidou para ir assistir a uma roda. Encantei-me com o toque do berimbau e assim a capoeira foi me tomando por completo.
TRETIEIRO-Quem é seu Mestre e de qual grupo você faz parte? R-Meu Mestre é o Mestre Sombra e sou do Grupo Quilombo-arte.
TRETIEIRO-Fale um pouco sobre o trabalho do seu grupo? R-O trabalho da Quilombo-arte não esta apenas em ensinar capoeira, mas sim ajudar na formação do caráter dos alunos, propondo assim um diferencial. Como meu mestre sempre fala ensinar a levantar a perna tem muitos que ensinam porem capoeira não é apenas isso. Temos como pilares união, respeito e fé. A quilombo-arte é hoje uma família onde existe uma motivação muito grande da parte do mestre para com os alunos e entre os alunos também existe uma motivação mutua. Motivação ao treino, a dedicação aos estudos, tanto que existe uma norma que não se forma um mestrando ou mestre no grupo que não tenha nível superior. Quilombo-arte é minha segunda família!
TRETIEIRO-Para você o que é um Mestre de Capoeira? R-A meu ver, um mestre não precisa nem se ostentar como tal, um verdadeiro mestre exala a maestria. Mestre tem que ter caráter, ser um transmissor de conhecimentos e um formador de opiniões. Precisa cuidar da imagem que esta passando. Tem que ter postura de mestre. Ser um mestre de fato, não apenas de direito.
TRETIEIRO-Como é ser esposa de um mestre de capoeira? R-Tem seus pontos positivos e negativos. Pelo lado positivo, não aprendemos capoeira somente no treino e na roda, mas no dia-a-dia, e essa proximidade proporciona uma maior facilidade de acesso ao aprendizado e a cobrança é muito maior o que me faz ter que treinar às vezes o dobro dos outros alunos. Mas existe um ponto negativo que por mais que não exista qualquer privilégio por parte do mestre, em sempre me colocar no meu papel de aluna, sempre pode haver algum comentário.
TRETIEIRO-Como esta a participação das mulheres na capoeira de Joinville? R-Esta cada vez maior, aos poucos as mulheres vão perdendo seus medos e a timidez. Cada vez mais percebo e aumento do nível técnico e as mulheres aparecendo mais nas rodas, tocando, cantando e jogando.
TRETIEIRO-Quais as mulheres que você admira na capoeira? R-Admiro mulheres que conquistam seu espaço sem precisar se impor para que isso aconteça, tendo aqui na minha cidade duas mulheres que admiro que são a Graduada Xerife da Quilombo-arte e a Contra Mestra Karlinha do grupo Beribazu. Admiro também < como mestras que acompanho seu trabalho e postura Mestra Mara e Mestra Jô.
TRETIEIRO-Em sua opinião quais as maiores dificuldades que as mulheres enfrentam para praticar a capoeira? R-Uma das maiores dificuldades talvez seja encontrar tempo para uma mulher que trabalha, estuda cuida da casa, dos filhos e ainda arrumar tempo para treinar não seja fácil, mais ainda se não houver alguém da família para apoiar. As vezes pode haver também de ela ter um esposo que não a apoie e não aceite, mas não é desculpa. Pois eu cuido da casa, trabalho faço faculdade, treino e ainda tenho musculação todo dia e ainda sobra tempo para pesquisar e estudar. Como meu mestre sempre diz, que quer da jeito, quem não quer arruma desculpa.
TRETIEIRO-Em sua opinião, existem barreiras e preconceitos que dificultam a mulher na pratica da capoeira? R-Ainda existem sim, alguns capoeiristas que cantam musicas que ofendem a mulher ou que se negam de passar um instrumento para uma mulher. Que criam a hora das mulheres jogarem, onde só joga mulher com mulher. Mas a questão é que a maior responsável disso ainda é a mulher. Muitas se escondem na hora da roda e só entram para jogar com outra mulher ou então, querem um instrumento, mas na hora de tocar não conseguem manter uma postura. A meu ver ao invés de ficar se lamentando, deveríamos usar esse tempo treinando e se dedicando, para quando aparecer a oportunidade poder aproveita-la e fazer bonito. Devagar e sempre com o jeitinho que a mulher tem.
TRETIEIRO-Quais são seus planos para o futuro? R-Me espelho muito no meu mestre, quero ser também uma educadora, onde eu possa usar a capoeira também como um instrumento na vida dos alunos, mas para isso estou me preparando, curso pedagogia e faço curso de libras (Língua Brasileira de Sinais), pois pretendo trabalhar com a capoeira como forma de inclusão.
TRETIEIRO-O que a capoeira representa em sua vida? R-Meu ar, meu chão. A capoeira me tomou por completo e não posso imaginar a vida sem capoeira, ela me trouxe amigos, uma nova família, me ensinou a viver, superar meus limites e me preparar para as armadilhas que a vida pode nos oferecer.
TRETIEIRO-Conte um momento marcante na sua vida de capoeira, e um aprendizado que a capoeira lhe deu. R-Um momento marcante para mim foi presenciar um jogo entre um angoleiro (Mestre Meinha) e um aluno de bimba, da regional (Mestre Deputado). Um momento em que me fez analisar que dois mestres de linhagens opostas, mas jogando com um sorriso no rosto, onde imperou o respeito, onde o mestre maior era o berimbau, e eles jogaram o que ele mandou. A humildade de dois grandes mestres em abrir mão de seu EU em prol da arte maior: Capoeira.
TRETIEIRO-Dedicada na visão de Dedicada. R-Sou nova ainda nessa jornada, sou apenas uma criança tenho tanto a aprender. Mas busco a cada dia aprender mais, me dedicar, pois quero poder retribuir a capoeira tudo o que ela me proporciona. Gosto muito de perguntar aos mestres, aprender sobre a vivência de cada um, pois todos tem algo para nos ensinar.
Considerações finais. Queria agradecer ao Mestre Zé Luiz pela oportunidade concedida pela entrevista. Quero agradecer também a todos os mestres que dedicam seu tempo para responder as minhas perguntas e que dessa forma estão ajudando na minha formação. E Agradecer ao meu mestre, Mestre Sombra pelos ensinamentos, pelas oportunidades de estar inserida no universo da capoeira. Iê viva meu Mestre!
CONTATOS:https://www.facebook.com/aline.quilomboarte EMAIL:nandinha-leki@hotmail.com

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